sábado, 10 de outubro de 2009

Vamos falar dos homens?

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Reclamar dos homens é fácil, difícil é tentar compreendê-los.
Mas se os escutarmos de coração aberto, vamos perceber que, afinal, o que se passa com eles não é muito diferente daquilo por que nós mulheres, passamos.
"Vejamos" a meia-idade do ponto de vista masculino:

"A chegada à ternura dos 40 tem destas coisas: um dia acorda e decide que quer comprar um Ferrari. Antes de adormecer, fantasia em arranjar uma namorada com idade para ser sua filha. O problema é que não tem dinheiro para o carro e as miúdas de 20 anos não olham para si com segundas intenções, por muito que se esforce e tente fazer acrobacias sempre que passa por alguma.
Já viveu alguma destas situações? Parabéns, chegou à crise de meia-idade.
Depois dos 40 anos, o homem despe a capa de super-homem e percebe que, afinal, não é imortal. "Faz-se um balanço de tudo o que já se viveu e conseguiu, do tempo que ainda resta e dos objectivos que estão por atingir", explica o psicólogo e terapeuta familiar Manuel Peixoto. Um exercício que, levado ao limite, pode trazer consequências profissionais, sociais e emocionais - desde mudanças de emprego precipitadas a divórcios.
Há casos em que esta "consciência profunda da vida" - como prefere chamar--lhe Manuel Peixoto - acontece aos 35. Outros homens experimentam-na aos 55 anos. "O envelhecimento é um processo normal, mas que torna as pessoas mais vulneráveis. O aumento do índice de depressões nos homens entre os 35 e os 55 anos está, normalmente, associado a sentimentos de juventude perdida e à ideia de que já não se é atraente", acredita o sexólogo Fernando Mesquita.
A maioria dos homens "sente que as ambições que tinha na juventude não foram realizadas e que a idade actual já não lhes permitirá realizar algumas delas". Perante estes pensamentos, alguns ficam deprimidos. Outros adoptam comportamentos diferentes do habitual. "Começam a ter mais cuidado com o aspecto físico, investem grande parte das economias em gastos supérfluos ou assumem comportamentos estereotipados da juventude", exemplifica o sexólogo. E o mito do interesse por mulheres mais novas tem a sua razão de ser. "Acontece uma reorientação da sexualidade para pessoas mais jovens, como forma de negação de que já não se tem tanta energia e não se é tão atraente como quando se é mais jovem", admite o sexólogo.
O rol de angústias já é grande, mas não fica por aqui. Esta é, também, a idade em que a saúde se começa a deteriorar. Fernando Mesquita explica que, embora os homens não experimentem as alterações físicas de forma tão visível como as mulheres que entram na menopausa, passam por um processo de declínio dos níveis de testosterona: "O que conduz a uma diminuição do desejo sexual, redução da força muscular, aumento da gordura corporal, tornando ainda os homens mais susceptíveis a alterações de humor." Do ponto de vista físico, envelhecer traz outras mudanças: a excitação torna-se mais lenta, a erecção mais progressiva, o período de latência entre duas relações é mais prolongado.
Por estas e por outras, a entrada na ternura dos 40 tem muito pouco de ternurento para a maior parte dos homens. "Os níveis de stress são grandes, há perda de interesse pela companheira, podem surgir depressões, há que lidar com os preconceitos culturais ligados ao envelhecimento", acrescenta o sexólogo. Por outro lado, entre os 40 e os 50 anos, a pressão é grande. Os compromissos profissionais são maiores, as responsabilidades familiares exigentes. Muitas vezes, recorda Manuel Peixoto, "a quantidade de tarefas leva a um colapso".
Também nesta fase os filhos já estão crescidos e saem de casa "o que conduz a um vazio". Ver envelhecer os próprios pais e ter de lhes prestar cuidados é outro factor que mexe com o homem, "ao perceber, de forma crua, que o ser humano é finito".

(...) A crise de meia-idade não conduz, necessariamente, à infidelidade. "Quando acontece - e é frequente - é por que algo está mal na vida do casal. Não é o homem que arranja uma amante, é o casal que arranja uma amante", defende Manuel Peixoto. E mesmo o interesse súbito por mulheres mais novas tem o que se lhe diga: "A maioria procura jovens não pelo sexo, mas para mostrar que conseguem tê- -las", defende Margarida Pedroso Lima, da Faculdade de Psicologia de Coimbra.
E há que desmistificar: "A vida sexual é mais activa em casais em que a mulher é mais velha, porque a sexualidade feminina não declina, apesar das alterações fisiológicas." Ainda tem dúvidas? "Depois de passarem pela menopausa, muitas mulheres sentem-se mais sensuais e têm mais desejo", explica a especialista.
O melhor é não se precipitar. "Se é capaz de apaixonar-se por outras pessoas e outros projectos que não os que tem, então também é capaz de tentar resolver o que está errado", defende Manuel Peixoto. Fugir à realidade e aos problemas não é boa ideia, muito menos "procurar soluções fora do contexto do casal e fora de si próprio". Esperar que passe, por muito simplista que possa parecer, é uma solução.(...)"

(leia o óptimo artigo completo de Rosa Ramos aqui)

O homem não é O inimigo.
Não é só aquele que destrói os femininos sonhos de amor eterno, ou quebra juras e promessas de "para sempre".
É alguém que tem os seus momentos e fases de dúvidas e fragilidades. De "até vale a pena" e de "chega!".
Exactamente como nós.
Compreensão e apoio é tanto o que desejamos para nós, como aquilo que podemos dar.

2 comentários:

  1. Oh, que pena... o objectivo não era de todo esse... e sim que as mulheres tivessem a mesma compaixão pelos (seus) homens, que têm (ou deveriam ter) por si mesmas, quando essas angústias começam a insinuar-se e parecem tomar conta de nós. Homens ou mulheres.
    Mas escreva sobre isso, que é capaz de ajudar... :)

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