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Quando se fala de homens que assumem as suas responsabilidades como pais ou parceiros -no que toca à manutenção geral de uma casa e família- ainda se assiste a um clamar de vozes a anunciar a sua raridade e um louvar aos que o fazem, como se ao fazê-lo fossem além do que se deve esperar de um homem.
Mas este é um caso em que me parece que a diferença entre homens e mulheres é um aspecto menor -homens e mulheres lidam com estas tarefas de maneiras diferentes, mas as mulheres também lidam com elas de maneiras diferentes entre si. Como os homens entre si.
Mais que acusar ou condenar os homens que não assumem as suas responsabilidades -ou aqueles que acham que ao fazer alguma tarefa doméstica estão apenas a "ajudar" (partindo do princípio de que a responsabilidade é totalmente feminina e a sua contribuição é uma "dádiva")- acho que as mulheres deveriam olhar para si mesmas e perceber de que maneira estão a contribuir para que este tipo de situação se instale desde sempre.
Já sabemos que as gerações anteriores funcionavam de maneira diferente e não é fácil conseguir mudar as mentalidades com a rapidez com que mudam as circunstâncias. Muitas mãezinhas amorosas educaram os seus filhos sem exigir deles qualquer tipo de contribuição ou mesmo reconhecimento pelo colo, casa, comida e roupa lavada -ao contrário do que faziam com as filhas.
E se focarmos no agora: quantas continuam a fazê-lo? Quantas mulheres não reclamam da diferença patente na maneira como foram educadas, mas permitem que a tradição se repita em sua própria casa e sirva de exemplo aos meninos/homens que estão agora a educar?
E quantas, desde o princípio da relação, não afastam e desautorizam os seus homens, ao menosprezar a maneira deles de fazer as coisas enquanto se arrogam um exclusivo e indiscutivel talento natural para as lides domésticas? É uma maneira de (não) educar também...
Se os homens devem participar, deixem-nos fazer as coisas à sua maneira, deixem-nos aprender sozinhos. Principalmente quando um bebé pelo qual os dois são responsáveis, passa a fazer parte da família: uma fralda menos mal posta, uma comida menos mal conseguida, não é mais importante que o direito do pai a participar.
E há muitos pais que são melhores do que algumas mães o são. Cabe aos homens alimentar esse BRIO em serem pais presentes e insubstituíveis. Criar laços exclusivos também com os seus filhos, descobrir afinidades apenas suas, criar linguagens e cumplicidades únicas.
Em vez de se acomodarem com o "deixa estar que eu faço isso melhor que tu" de algumas mulheres/mães, aceitando a preguiça e a frustração consequentes e afastando-se emocionalmente dos filhos (e da família) cada vez mais...
...e isto veio a propósito deste artigo (mas não só):
"O engenheiro informático Frederico Carneiro, 39 anos, sentiu-se um extraterrestre da primeira vez que pediu a licença de paternidade. Ia substituir a mãe depois do nascimento do terceiro filho. "Mas é você quem vai ficar a tomar conta da criança?", perguntaram-lhe, pasmados, no balcão da Segurança Social. Constança Ferreira, 30 anos, também não esquece o que ouviu quando explicou que seria o marido, Carlos Pereira da Silva, 32 anos, a gozar a licença. "Olhe que é obrigada a ficar as primeiras seis semanas em casa", recorda. "Falavam como se fosse largar a minha filha à porta da igreja."
Depois das tais seis semanas, obrigatórias por lei, Constança voltou ao trabalho e a vida do casal transformou-se numa "ginástica". Ela saía de casa presa ao relógio: só podiam passar três horas até regressar para amamentar a filha Teresa, hoje com três anos. Assim que pressentia atrasos, Carlos preparava-se para a solução de emergência: os biberões no congelador. Sempre que a consultora de comunicação se tinha de deslocar para congressos fora de Lisboa começava a tour pela estrada fora: a filha e o pai também iam. "Foi uma correria, mas com uma grande recompensa", recorda Constança, enquanto Teresa reclama a atenção com uma minúscula chávena vazia que anuncia ser um café.
Carlos ficou cinco meses com Teresa e gostou tanto da experiência que a repetiu há oito meses, quando nasceu Afonso. "Se vierem mais filhos, faremos o mesmo." Como Constança tem um emprego com horários menos rígidos, o casal decidiu logo durante a primeira gravidez que a licença seria gozada pelo pai, jornalista. Queriam evitar que fosse "mais um pai a partir das dez da noite". "Foi uma experiência incrível: o poder assistir à primeira fralda, à primeira papa", conta Carlos. "Com a mãe é tudo mais natural, há um vínculo carnal. Os homens precisam de conquistar essa união."
O presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Luís Januário, confirma que "a presença do pai nos meses pós-parto ajuda a reforçar o vínculo à criança, que não é tão natural como com a mãe, que amamenta". Um pai "terá mais dificuldades se só entrar na vida do bebé quando ele começar a falar", sublinha. O pediatra reconhece que estes casos são raros porque "ainda existem muitos receios": os pais temem uma inversão dos papéis na família ou, com frequência, são as mães que, "por comentários exteriores alimentam um sentimento de culpa". O pediatra rejeita: "Não vejo nenhum perigo nem razão para culpas. Não se trata de colocar a mãe num lugar subalterno, mas sim de dar a oportunidade aos dois de viverem aquela experiência por inteiro."
Frederico Carneiro ficou três meses em casa com o terceiro filho, Pedro, enquanto a mulher ia trabalhar. "Dava banho, passeava com ele, tinha tempo para todas as brincadeiras, desde a guerra das almofadas aos puzzles", conta. Acompanhar os primeiros meses do bebé não foi a única vantagem que retirou da experiência. Pela primeira vez pôde dedicar-se por completo aos três filhos. "Ia levá-los e buscá-los à escola de bicicleta."As aulas dos mais velhos, de sete e oito anos, terminavam às 16h30, mas Frederico costumava chegar mais cedo para brincar com eles no recreio.
"Com o nascimento do Pedro conseguimos passar mais tempo juntos. Favoreceu a união familiar", sublinha o engenheiro. A psicóloga infantil Helena Marujo concorda e reforça: as mulheres precisam de partilhar estas tarefas para os maridos entenderem as atitudes delas. "Conheço um pai que quando chegava a casa no final do dia se irritava porque a mulher estava de pijama", conta. "Agora que foi a vez dele de ficar com o bebé disse que a compreendia perfeitamente." Além disso, pais e as mães têm formas diferentes de educar. Esta opção permite conciliar os dois estilos, acrescenta a psicóloga. "Não queremos um pai igual à mãe, queremos um pai igual a si mesmo." (por Cláudia Garcia e Silvia Caneco -fonte i online)
Mais uma vez um post que nos leva a olhar o nosso interior e pôr em prática a nossa capacidade de análise em relação ao nosso comportamento. No final desta leitura, fiquei mais uma vez com a certeza, que num relacionamento é possível as pessoas "crescerem" ao mesmo tempo. É isso que fomenta o amor e a compreensão. Todos nós estamos em constante mudança ou aprendizagem é muito bom quando o outro cresce no mesmo ritmo e percebe a direcção que tomamos. Significa que há entendimento.
ResponderEliminarParabéns por este espaço onde é tão gratificante passar. :)
A finalidade aqui é sempre fomentar essa compreensão, particularmente entre homens e mulheres.
ResponderEliminarTer consciência de que as coisas e as pessoas não mudam ao nosso redor, se não houver uma mudança interna. Acção que provoca reação.
E essa mudança parte sempre da consciência daquilo que se é e daquilo que se faz...
Obrigado