segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O direito à Felicidade

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  Elisabeth Cavalcante 

A importância de nos lembrarmos da frase acima é enfatizada aqui, principalmente para todos os que neste momento sofrem por se sentirem diferentes, anormais, estranhos e desajustados neste mundo.

Para aqueles cuja beleza não corresponde aos padrões de perfeição conhecidos, cujo corpo não se enquadra nos modelos determinados pela sociedade, cuja inteligência não corresponde à de um génio ou cuja opção sexual se diferencia da chamada normalidade.

A estes, não resta dúvida, a vida reservou desafios consideráveis. As atitudes preconceituosas existem de facto em muitas situações da vida destas pessoas -no trabalho, na família, nas relações sociais de um modo geral. Isto faz com que, fragilizadas, elas próprias acabem se condenando, num processo de julgamento muito rígido e sem qualquer sentimento de auto-compaixão.

O desenvolvimento do amor por si próprio é a arma fundamental para a defesa contra o preconceito do mundo. Temos que nos tornar suficientemente fortes para que a incompreensão alheia não nos destrua, e descobrir em nós as qualidades que se encontram ocultas sob camadas e camadas de baixa auto-estima.

De facto, este não é um processo fácil. Se na nossa história de vida não recebemos estímulos e incentivos adequados e no momento certo, crescemos com a nítida sensação de que somos menos do que o resto do mundo. Tendemos sempre a comparar-nos com aqueles que julgamos melhores, mais inteligentes e mais bonitos que nós.

Infelizmente, muitos pais acreditam estar a fazer um bem aos filhos ao compará-los com outras crianças que julgam melhores e mais inteligentes, pois acham que desta maneira a criança se sentirá motivada para melhorar o seu desempenho no mundo.

Entretanto, esta é uma atitude perigosa pois não leva em conta que cada ser humano é único. Ao tentar fazer com que o filho queira se igualar a outros, eles podem estar a atrofiar um talento especial -que se fosse expresso livremente o tornaria um ser humano feliz e realizado.

Como se libertar do sofrimento trazido pelo sentimento de inadequação e enfrentarmos a vida sem medo? O primeiro passo é ter sempre em mente que, como todo ser humano, possuímos o direito inalienável à felicidade.

Esta reflexão permanente nos dará a força necessária para nos libertarmos da sensação de inferioridade, e a motivação para efectuarmos em nós as mudanças que julgarmos importantes para ampliar o nosso amor-próprio.

Tais mudanças devem sempre ter como objectivo a nossa própria satisfação e não a satisfação do mundo exterior.

A coragem é um elemento fundamental neste processo. Ela só virá quando acreditarmos de maneira absoluta que é possível ser feliz, ainda que não sejamos aceites pela totalidade do mundo.

Quanto mais convictos estivermos desta verdade, mais segurança sentiremos frente às reacções alheias. O preconceito só se fortalece diante do medo e da fragilidade. Somente a força interior e o amor próprio possuem o poder de inibir o preconceito e a intolerância.

... Se você conseguir expôr-se religiosamente -não na privacidade, não com o seu psicanalista, mas simplesmente em todos os seus relacionamentos... Isto é auto-psicanálise. Isso é vinte quatro horas de psicanálise, todos os dias. Isso é psicanálise em todo o tipo de situação: com a esposa, com o amigo, com os parentes, com o inimigo, com o estranho, com o chefe, com o seu funcionário. Por vinte e quatro horas você está a relacionar-se. 

 
Se você continuar a expôr-se... No princípio vai ser realmente muito assustador, mas logo começará a ganhar força, porque uma vez que a verdade é exposta ela torna-se mais forte e a não verdade morre. E com a verdade tornando-se mais forte, você tornar-se-á mais enraizado e centrado. Você começa a tornar-se um indivíduo. A personalidade desaparece e o indivíduo aparece.
A personalidade é falsa e a individualidade é substancial. A personalidade é simplesmente uma fachada e a individualidade é a sua verdade. A personalidade é-lhe imposta de fora, é uma persona, uma máscara. A individualidade é a sua realidade, ela é como Deus a fez. A personalidade é uma sofisticação social, um polimento social. A individualidade é crua, selvagem, forte e com um tremendo poder.

... Uma vez que você esteja pronto, corajoso e desafiador; uma vez que você tenha experimentado a liberdade da verdade, a liberdade de expôr a sua realidade, você poderá seguir por si mesmo. Você conseguirá ser uma luz para si mesmo.
Mas o medo é natural porque desde o início da infância foram-lhe ensinadas falsidades, e você tornou-se tão identificado com o falso que abandoná-lo parece
quase cometer o suicídio. E o medo surge porque uma grande crise de identidade aparece.

... O medo é natural. Não o condene e não sinta que ele é algo de errado. Ele é apenas parte de toda essa educação social. Nós temos que aceitá-lo e ir além dele. Sem condená-lo, temos que ir além dele.
Exponha-se pouco a pouco, não há qualquer necessidade de dar saltos que não possa administrar. Vá passo a passo, gradualmente. E logo irá descobrir o sabor da verdade.

... A repressão cria o inconsciente. Quanto mais reprimido você for, maior é o seu inconsciente. O que é na verdade o inconsciente? É aquela parte da sua mente que fica de lado, é aquela parte da sua casa onde você nunca vai, o porão. Você vai atirando para lá todo o tipo de coisas mas nunca lá vai. (...)

Exponha-se. Isso será um alívio...  

(OSHO - The Guest) 

1 comentário:

  1. "Tais mudanças devem sempre ter como objectivo a nossa própria satisfação e não a satisfação do mundo exterior." -a nossa satisfação no sentido de nos sentirmos realizados sendo e fazendo o que a nossa alma e essência anseia, deseja ou comanda, em vez do que os outros acham que deveríamos ser ou fazer, para satisfação deles.
    É claro que a "nossa satisfação" aqui não representa um desejo egoísta obtido de maneira a prejudicar os outros ou magoando-os deliberada ou levianamente.

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